terça-feira, 30 de março de 2010

Sobre Tony - 4


Seus olhos se abriram vagarosamente. Tudo ainda girava e parecia em constante movimento. Sua cabeça agonizava em uma dor suprema, talvez de outro mundo, ou outra bebida.

Ainda sem muito equilíbrio ele se levantara. Seus olhos escancaravam a face de sua última noite. As olheiras eram mais que visíveis, tornavam-se características deste rosto mais que marcado.

Seus cabelos mais que escabelados, oleosos e com um forte odor de fumaça. Seu corpo pedia clemência, pedia descanso e exalava o mais puro cheiro da bebida dos últimos dias.

Acordara completamente nu, entre lençóis brancos completamente imundos na mais pura perversão que se pode imaginar. No chão e em cima da cômoda ainda eram avistadas garrafas e preservativos.

Ao seu lado, ainda na cama, dormira uma bela jovem, da qual Tony não se recordava e que também não fazia questão de tal.

Seus martírios cotidianos ainda o impediam de se relacionar mais a fundo com quem quer que seja.

Já passava do meio do dia e ele estava faminto. Não comia há dias e não saia à luz do sol a semanas, sequer sabia que dia era.

Vestira-se com seu jeans mais gasto, com sua camisa preta casual e os óculos que lhe protegia dos fortes raios de sol, ou que somente servia para esconder sua face mal dormida.

Deixara tudo para trás, mais uma vez, mais uma mulher e com o andar vagaroso foi em busca de seu almoço, talvez seja um recomeço, ou apenas uma parada obrigatória.



Matheus.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Sobre alguns versos.



Eu sou assim
Seja sol, ou luar
como as flores do jardim
Para jamais mudar

Eu sou assim
como folhas ao ar
voando enfim
para o seu lugar

Eu sou assim
Fogo, ou mar
Do inicio ao fim
para sempre te amar






Matheus.

terça-feira, 16 de março de 2010

Sobre um eu.


Estou aqui meio pensativo. Quem sabe este sou eu. Sou o Matheus das entrelinhas e frases soltas. Talvez este sempre fora eu, mesmo que distante de minhas características, ou até pensamentos.

Sim, fui sempre eu. Meu primeiro personagem, meu ultimo amigo, ou meu pior inimigo. Das inconstâncias assustadoras ao que chamo de amor supremo, não, definitivamente este não parece comigo.

Por ora aquele da piada fácil e grosseira, amigo constante de meu senso de humor, sim, este parece mais comigo.

Ainda por trás da máscara que cobre tudo que um dia falei, visto outra e reverto o que criei.

Recrio todo o clima que um dia não fora favorável e reinvento minhas próprias batidas.

Como um dia fui eu, sim é verdade. Dos sentimentos exaustivos e a flor da pele, do extremista arrogante e das falácias irreais. Da falsa síntese de minha própria personalidade.

Talvez das emoções inventadas, das falsas e belas declarações, ou do sonho e perfeição que jamais sairão da minha mente.

Meu corpo pede passagem perante o calor, minha mente diz que é hora do novo e mediante a este sorriso, sim este sempre fora meu, tudo é recriado, sem fim e sem meio, talvez até sem um começo para este eu que sempre esteve aqui.



Matheus.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Sobre ser assim.


Eu sonhei, confesso que fui iludido por minha própria cabeça. Acreditei no que sempre condenei. Pareço livre, mas não gosto de diagnósticos precipitados.

Conheço-me como poucos e sei de minha constante inconstância, por mais que isso pareça contraditório.

Estou enclausurado em minha própria prisão, longe de tudo que um dia me fizera sofrer. Cá em meu canto, eu, procuro minha identidade, já não mais bem definida por tantas idas e vindas de algo que me domina.

Meu jeito espontâneo parece prevalecer, mas realmente não sei até quando isso pode durar. Eu sou assim, sempre fui. Sou grosso, sou rude e isso jamais vai mudar.

Adoro minha confiança exacerbada e minha arrogância, elas, fazem parte de mim, de quem me tornei e de quem tanto gosto de ser.

Meu coração parece estar guardado, longe daqui e mantido a sete chaves.

Ele dorme em um silêncio absoluto, talvez a espera dela para acordar, ou em um sono definitivo, para que o sempre seja respeitado.

Os ruídos tentam lhe despertar, tirar-lhe da paz em que, eu, hoje vivo.

Fecho meus olhos e por instantes tento retomar o que um dia criei, falei e escrevi.

Suspiro em uma ânsia de encontrar o que fora capaz de me mudar, me transformar nesta inconstância de sentimentos, ou da falta deles.

Ainda em transe minhas mãos formigam e pedem clemência para meu espírito e minha alma.

Desperto e, com sono, lembro que eu sou assim, sempre voltando ao inicio, ao mesmo Matheus do começo.




Matheus.