segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Sobre os dias especiais.


O sorriso que dera, mesmo que envergonhado, fora o suficiente para me tirar da apreensão. Era tão belo olhar, apreciar tal sorriso, tal sensação de felicidade.

Meu peito palpitava de ansiedade, e eu sentia a velha sensação de o tempo estar parando naquele momento.

Minhas mãos iam ao encontro das suas. Meus dedos gelados faziam caricias, cócegas em sua quente mão e em sua barriga lisinha.

Seus belos olhos me hipnotizavam. O verde que tanto me atraía somente completava o dourado de seus reluzentes cabelos lisos.

As tardes, noites, ou o que for que passe com ela são diferentes. Meu dia se completa ao lhe ver, tocar suas mãos e saber que ela é especial a mim.

Era cada vez mais notável como eu a queria e como ela me conquistava dia após dia.

Minha forma meio desajeitada era um empecilho para cortejá-la, para conquistá-la. Tentava demonstrar tudo que sinto, mas nada parece chegar aos pés do que realmente tento expressar.

Um bombom jamais demonstrará tudo que sinto, mas é um começo para aprender a conquistar quem um dia já me conquistou.



Matheus.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Sobre uma tarde.


O sol ainda raiava quando meus olhos a encontraram. Caminhava serenamente em meio à multidão.

Era bela, sempre fora, e quase como bailando vinha em minha direção. Seus longos cabelos dourados reluziam a luz que parecia emanar de seu esplendor.

Fiquei a admirando antes de ir ao seu encontro. Queria lhe surpreender, a conquistar, lhe ter mais uma vez.

O calor piorara à medida que meu nervosismo aumentava. Minha mão, agora, tremula foi de encontro a sua. Seu perfume irresistível me fazia sonhar, a querer mais perto.

Brincava entre seus dedos, fazendo cócegas na palma de sua mão e acariciando seu braço que repousara sobre o meu.

Esperava um beijo, precisava de tal, mas só a sua companhia e o entrelaço de nossas mãos já valeu mais do que eu sempre quis.



Matheus.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Sobre a partida.


Seus olhos, cada vez menores, tentavam esconder o sono. Apertados, parecendo sentir dor, eles demonstravam a solidão.

O marrom se confundia com a escura mancha preta que marcava seu olho esquerdo. Seus cílios, mesmo que não tão grandes, ainda escondiam bem seu olhar deprimente.

O nariz torto, levemente marcado pela tênue curvatura, aspirava pedindo ar fresco. O rosto jovial não parecia ser de alguém de sua idade.

Seus pensamentos flutuavam, quase saiam de sua cabeça. Ele tentava não os falar, os omitir, mas não podia deixar de escrevê-los em brandas linhas.

A imaginação fértil e por vezes sadia o pegou de jeito. Ele agora estava preso por seus pensamentos, sonhos e conquistas.

Tudo parecia mais fácil, com um simples franzido na testa tudo desaparecia de sua vista.

Em seu mundo tudo era possível e nada conseguia lhe tirar a expressão amena do olhar.

Ele não imaginara sair de lá, de seu intimo pensamento, de sua mais vaga lembranças sobre a perfeição. No entanto, nada conseguia completar a angustia que se formava dentro de si.

O aperto em seu peito era tão formidável, real e humano. Os anseios de sua vida começavam a mudar e seus olhos finalmente se abriram ao encontro do luar.

Sentia falta da espontaneidade característica em cada riso que dava. Gostava de ouvir o quebrar do cabelo por mais um momento.

Seus olhos estavam mais uma vez pequenos, angustiantes, ansiosos a espera de mais uma decisão. Ele tagarelava em seus pensamentos, quase como falas de autoconfiança.

O rosto ainda insosso mostrava um sorriso, mesmo que forçado, no canto de sua boca. Ele não estava mais deitado, e em pé, pronto para sair, piscou da forma mais irônica que lhe era conhecida.

Pela porta, seu caminhar lento, por vezes descompassado e saltitante, foi o levando embora para novos rumos, novos horizontes.

Suas roupas, seus fios de cabelo ao chão, tudo fora deixado para trás junto de seu cheiro cítrico que insistia em permanecer por ali.


Matheus.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Sobre um fardo.


Meus braços envolviam meu tórax. Abraçava-me com força, tentando prender algo.

Queria amenizar o frio que comecei a sentir naquela ensolarada tarde. Suava frio com tal situação, tudo parecia estar voando em meu horizonte.

Estava quieto e meus pensamentos voavam com as possibilidades, mesmo que, irreais.

Não me recordava onde estava e nada mais importava naquele momento, eu definitivamente estava alheio ao mundo.

O fardo me assombrava. Meu temor estava de volta e regredindo a minha cabeça e coração.

Fechei meus olhos e por breves momentos senti meu peito palpitar rapidamente. Minha respiração ficou assanhada, talvez ansiosa.

Eu tentava recobrar a consciência, mas nada me fazia tirar os olhos daquela imagem, por mais perturbadora que ela fosse para mim.

Fugi do enfrentamento, não fui capaz de ser rude. Não queria demonstrar meu incômodo, minha face repleta de lamurio por ela.

O silêncio me confortara nas derradeiras horas que demoraram a passar. Não a afastei, não como queria. Não a sinto mais, não como um dia a senti.

Meus olhos se fecharam enquanto minha testa franzida desejava que tudo acabasse logo, que isto não tivesse passado de um sonho.

Eu não estava preparado, não sei se um dia eu estarei.


Matheus.

sábado, 10 de janeiro de 2009

Sobre mais uma análise.


Ela sumira de meus pensamentos e coração. Nada era como antes, finalmente eu estava de volta.

O temor havia desaparecido de sua mente. O terrível sentimento era passado, não passara de ilusão, talvez não tenha nem existido.

A memória ainda tem lapsos da antiga história, fábula que contei, porém as marcas foram extintas e consumidas por algo maior que a antiga dor.

Tudo parece tão belo, simples e chuvoso. O antigo não era capaz de me fazer refém, não mais. Ele estava recomposto, como se nada o tivesse quebrado.

Duro, frio e insosso ele permanecia. Era gracioso ver como não se alterava e não demonstrava nenhum sinal de exaltação, nervosismo, ou qualquer outro sentimento barato em suas batidas constantes.

A constância voltava aos seus domínios. Era mais uma vez amigo de seu rude e arrogante ego.

Sua face refletida no espelho mostrara como era. Os poucos movimentos que fazia já bastavam para mostrar sua reação. Parado, não se mexia para nada e por ninguém.

Estava dormindo, parecia sonhar, quem sabe, cochilar por seus olhos entreabertos.

Seu longo cabelo caia por sua testa e orelha. O preto que os dominava, também era a cor de seus petulantes olhos levemente manchados de um marrom bem delineado.

Sua pele branca, pouco bronzeada demonstrava o desafeto pelo sol. O clima chuvoso era de bom grado a sua diferente personalidade.

O arrogante ar que ventilava por suas narinas traduzia seus pensamentos. Era capaz de dizer qualquer coisa, seja boa, ou ruim. Sua sinceridade marcante não lhe rendia bons frutos, mas isso não tirara o orgulho de ser sincero.

Sabia o que falar. Mentia na mesma entonação como falava a verdade. Por vezes exacerbava em seus sentimentos sintéticos, tudo bem planejado, sabendo o que cada um desejava escutar.

Sua boca, por vezes, tão áspera e maquiavélica sabia como conduzir um bom dialogo e irritar a quem ousasse discordar de suas opiniões, muitas vezes controversas.



Matheus.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Sobre o que eu mais entendo.


A pedra continua sem vida. Longe do auge do romantismo e da suprema paixão. Estou só, como sempre estive.

Nada conseguira reavivar o que um dia existiu, o que talvez jamais volte a existir.

Minhas rudes palavras não passam do reflexo da minha gelada pedra. Nunca estive melhor, mesmo que isso pareça triste.

Conheço meus pensamentos, sou capaz de argumentá-los e isso me completa. Sou áspero o bastante em minhas falas e isso a muitos incomoda.

Tenho controle de meu corpo por completo. Sei as reações que terei e não me surpreendo mais. Estou protegido contra o que não gosto.

Entretenho-me com meus experimentos, meus pensamentos, por vezes, insanos.

Tenho muitos planos e sei que posso cumpri-los, porém esta ainda não é a hora exata.

Gosto de identificar os perfis das pessoas e estuda-las por completo. Sinto a necessidade do carinho, da sedução e afeto por parte delas. Sei fazer, mesmo que sinteticamente, o sentimento aparecer a ponto de convencê-las.

Sei o que cada um quer e assim dar-lhes opções para se sentirem protegidas, assim visando meu beneficio próprio.


Matheus.