quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Sobre Tony - 2


Já era noite quando ele chegara. Seu perfume cítrico espalhava-se pela ante-sala e anunciava sua entrada.

Seus passos cavalares pareciam fugir de algo, ao encontro do infinito talvez.

Andava cabisbaixo, sem perspectivas ou ideais neste vago momento.

Todos o olhavam, conheciam sua face, seus temores e anseios.

Sentara a sua mesa, sempre a mesma, reservada para ele. Com os olhos encharcados ele balbuciava palavras em um tom baixo, quase inaudível.

Seus punhos cerrados iam de encontro à madeira, estremeciam a mesa, quase como gritos de uma alma em chamas.

Sua respiração calma destoava de seu comportamento agressivo, por vezes grosseiro e desesperado.

Suas pernas balançavam em uma agitação fora do comum. Tragava seu charuto de uma forma rápida, inconstante e nunca desacompanhado de sua garrafa de whisky.

Seus gestos pareciam demonstrar algo, talvez à decepção, ou o desprezo que tanto o assombrava.

Seus gemidos foram silenciados pelo tempo, pelo passar do relógio, ou dos goles que o fizeram cair, em um sono profundo, na solidão corriqueira.


Matheus.

Um comentário:

  1. aposto que quando ele acordou estava com dor de cabeça ;x

    beijas sr. sulis :*

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