segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Sobre a partida.


Seus olhos, cada vez menores, tentavam esconder o sono. Apertados, parecendo sentir dor, eles demonstravam a solidão.

O marrom se confundia com a escura mancha preta que marcava seu olho esquerdo. Seus cílios, mesmo que não tão grandes, ainda escondiam bem seu olhar deprimente.

O nariz torto, levemente marcado pela tênue curvatura, aspirava pedindo ar fresco. O rosto jovial não parecia ser de alguém de sua idade.

Seus pensamentos flutuavam, quase saiam de sua cabeça. Ele tentava não os falar, os omitir, mas não podia deixar de escrevê-los em brandas linhas.

A imaginação fértil e por vezes sadia o pegou de jeito. Ele agora estava preso por seus pensamentos, sonhos e conquistas.

Tudo parecia mais fácil, com um simples franzido na testa tudo desaparecia de sua vista.

Em seu mundo tudo era possível e nada conseguia lhe tirar a expressão amena do olhar.

Ele não imaginara sair de lá, de seu intimo pensamento, de sua mais vaga lembranças sobre a perfeição. No entanto, nada conseguia completar a angustia que se formava dentro de si.

O aperto em seu peito era tão formidável, real e humano. Os anseios de sua vida começavam a mudar e seus olhos finalmente se abriram ao encontro do luar.

Sentia falta da espontaneidade característica em cada riso que dava. Gostava de ouvir o quebrar do cabelo por mais um momento.

Seus olhos estavam mais uma vez pequenos, angustiantes, ansiosos a espera de mais uma decisão. Ele tagarelava em seus pensamentos, quase como falas de autoconfiança.

O rosto ainda insosso mostrava um sorriso, mesmo que forçado, no canto de sua boca. Ele não estava mais deitado, e em pé, pronto para sair, piscou da forma mais irônica que lhe era conhecida.

Pela porta, seu caminhar lento, por vezes descompassado e saltitante, foi o levando embora para novos rumos, novos horizontes.

Suas roupas, seus fios de cabelo ao chão, tudo fora deixado para trás junto de seu cheiro cítrico que insistia em permanecer por ali.


Matheus.

2 comentários:

  1. hmmmm...mula agora anda muito poetinha! ahahauhauh

    "O marrom se confundia com a escura mancha preta que marcava seu olho esquerdo."

    Mancha preta no olho deve ser sinal de alguma síndrome.

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  2. Eu acho que o cara morre no final XD

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