quarta-feira, 9 de julho de 2008

Sobre Meados de 30 - O Conquistador - Parte V


O belo Vladimir do topete modelado pela brilhantina e do bigode arrebitado parecia ser um rapaz sério. O terno xadrez que por diversas vezes usara era sempre acompanhado do elegante cachimbo italiano que ganhara de presente do então vice-governador de São Paulo. Ao menos era isso que ele contava.

Dizia-se mercador de iguarias de um grande empório das bandas paulistas e viera ao Rio Grande atrás de novos produtos. Logo de sua chegada, e com boas referencias o então jovem mercador ganhará fama entre as moças da alta sociedade. Seu modo de andar e suas ditas boas amizades em São Paulo também lhe renderam bons círculos de negócios.

O empório Siqueira & Campos fora o primeiro a demonstrar interesse no trabalho e na experiência do jovem, porém vivido rapaz paulista. O que ele dizia ser uma busca por novos produtos, acabou se transformando em algumas consultorias quanto à área de vendas. Virara palestrante e dava conselhos aos mercadores, donos de mercados e afins, quanto a vendas e tratamento de clientes. Sua fama que já era grande acabara multiplicando-se e o malandro rapaz acabara por mudar seus planos. O dinheiro fácil, sem pequenos furtos e trapaças, o seduzira o suficiente para passar mais tempo que deveria na capital dos gaúchos.

Freqüentava os melhores e mais conceituados restaurantes, era sempre convidado aos bailes que aconteciam na alta sociedade e sempre aparecia na companhia de alguma bela moçoila. Sua lábia de farsante o ajudara com as mulheres, não que isso fosse necessário, já que elas que o usavam para se promover na sociedade.

Era um poeta da noite, bebia e declamava seus causos a quem quisesse escutar, diria que era charmoso e tratava a todos de bom grado. Tinha o carinho e o respeito da população porto alegrense, mas estava cansado das mesmas conversas, das mesmas mulheres e de ser usado por elas. Estava à procura de revigorar sua habilidade de manipular.

As freqüentes saídas noturnas não lhe renderam bons frutos e fora no trabalho matinal que acabar encontrando a que seria a vitima ideal para enganar.

Após o turno escolar, Julita dirigia-se ao empório que antes era de seu avô e que agora seu pai tomara conta, para ajudar nas vendas. O jovem Vlad como era conhecido fazia a parte administrativa do empório Siqueira & Campos, e ficara encantado ao saber que Julita apesar de estar na flor da idade ainda não se importara com bailes e garotos. O sorriso meigo e ingênuo por hora até fizeram o golpista titubear em sua decisão, mas nada que não fosse passageiro.

A investida fora dada para o baile de formatura do primeiro ano que Julita estava na escola. O jovem galanteador tomou posição e acabara por convidá-la ao baile. Sem par e diante de tão formoso rapaz Julita não tivera como negar tamanho convite e tamanha satisfação, apesar do desaprovo ferrenho do pai.


Matheus.

3 comentários:

  1. Não sei por que, eu estava esperando que ela recusasse o convite :B

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  2. Já te disse que teus textos tão a cada dia melhores? :D
    Continua postando que da próxima eu prometo fingir não ter lido ainda quando tu me mandar o link ;D vou lá secar teu timinho ;*

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  3. Como já disse, certamente essa Julita aí é a safada da história...

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