terça-feira, 16 de setembro de 2008

Sobre não ser daqui.


Acho que não sou daqui, ao menos não me sinto vindo deste lugar.


Meus gostos não coincidem com o senso comum.


Repito, sem mais delongas, que sou estranho. Vejo a minha volta, reparo na vastidão de sentimentos, sensações e outros mais baratos, mas não consigo ser assim.


Não vejo tamanha complicação e tudo parece claro, simples de se fazer. As poucas, porém boas, ou ruins, sensações que tive não passaram de pequenas palpitações.


Enxergo muito bem as reações causadas por tais sensações, ou sentimentos. Vejo o suor escorrer, as mãos tremulas ou o constante balançar de pernas. Identifico as sensações e, normalmente, sei o que fazer. O olhar desviado, sorriso de canto de boca e outras expressões faciais também revelam muito de uma pessoa.


Sou difícil de lidar e muito mais de identificar. Já escutei diversas descrições aparentes de minha personalidade com base em meu comportamento, ou aparência e nenhuma delas beirou a realidade.


Mantenho minha cara de sonso, estou ali, mas é como se não estivesse. Pouco pisco e meus olhos abrem o suficiente para enxergar, meio embaçado, mas ainda sim uma boa visão.


Minhas sobrancelhas não se alteram, a não ser que queria passar por preocupado. Meu sorriso é sempre irônico, raramente espontâneo.


Não demonstro meu nervosismo. Sequer pulso e não tenho tiques nervosos que demonstrem tal estado.


Enrolo meus cabelos, como ato de prazer e estalo todos meus dedos. Sinto-me bem ao arrancar cada fio de cabelo e os ouvir sendo quebrados.


Tenho certa mania de não ser gentil, não quero relacionamentos com quem não me apetece, no entanto, gosto de manter algumas pessoas por perto, quem sabe para alguma possível finalidade.


Tenho interesses a cumprir, na verdade todos os têm e a diferença é que sei como os encarar.


Quem sabe um dia volte de onde eu vim, ou talvez não. Já me acostumei com esta forma de ser. Demonstrar paixão pode ser uma boa arma, tanto da conquista, quanto de normalidade.


Não os digo que sou totalmente alheio, mas somente uma fora capaz de atravessar tal barreira, talvez fora capaz de criar meu coração.


Para não dizer que não sinto, lhes digo que tenho sono e que gosto da adrenalina, da forma como ele pulsa em momentos propensos a fortes emoções.



Matheus.

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